Estavas sentado e havia uma paisagem agreste
nos teus olhos: as nuvens a prometerem chuva,
os espinheiros agitados com a erosão das dunas,
um mar picado, capaz de todos os naufrágios.
O teu silêncio fez estremecer subitamente a casa -
era a força do vento contra o corpo do navio; uma
miragem fatal da tempestade; e o medo da tragédia;
a ameaça surda de um trovão que resgatasse a ira
dos deuses com o mundo. Quando te levantaste,
disseste qualquer coisa muito breve que me feriu
de morte como a lâmina de um punhal acabado
de comprar. (Se trovejasse, podia ser um raio
a fracturar a falésia no espelho dos meus olhos.)
Hoje, porém, já não sei que palavras foram essas -
de um temporal assim recordam-se sobretudo os despojos
que as ondas espalham de madrugada pelas praias.
Maria do Rosário Pedreira
8 comentários:
Que belo espaço, voltarei com mais tempo e calma. Bela poesia.
A SEIVA
Lena,
As palavras são como as setas, que depois de ditas não se consegue que voltem para trás.
Bjs.
Gostei da música e do(s) poema(s).
Das ilustrações também.
Das letras, não.
Feliz final de semana.
a todas as palavras um sentido..
e a uma estrada um destino
a uma mão a outra
de ser
Sou nova aqui, mas gostei muito do seu trabalho.
abraço.
Angela
Olá Lena,
Gostei muito do que já li e esta último poema é semantica e literariamente muito bonito.
Também adorei a sua visita.Marcaremos ponto de encontro nos nossos blogs.
Ah, porque você parou de postar?
O seu blog é lindo, suave, rico em imagens e poesias. Um encanto só!
Por favor, volte!
Um grande abraço,
Ivy
Parou a escrita???
Espero que não
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