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terça-feira, janeiro 31, 2006

Desejávamo-nos tanto e nem sabíamos

Desejávamo-nos tanto e nem sabíamos.
Só o descobrimos quando sentimos necessidade
de sacudir o pó
de arrumar as gavetas
de levantar os tapetes
de estender a nossa nudez no chão de madeira corrida.
Ao mesmo tempo soltava-se o vento no berrar das ondas
e a areia fina desnudava-se sem recato
na berma do mar.
Soltava-se a minha e a tua liberdade
na folia da noite.
E o orvalho pousava sereno
nos seios da madrugada.


Adelaide Graça

segunda-feira, janeiro 23, 2006

desilusão...



a desilusão entrou
na porta trancada

a duplicidade irrompeu,
entrou pela noite
inóspita de palavras brancas

escapou a saudade
dos pedaços de uma aventura
caídos de um corpo

o mar, chegou até mim
num silêncio impenetrável
e reconheci-te na sombra,
ao anoitecer

murmúrios envolventes
de promessas e desejos
um amo-te!
dito a cada instante
em horas somadas, perdidas
de noites seguidas

a desilusão entrou
e abriu a porta...


l.maltez

sexta-feira, janeiro 06, 2006



MARÍTIMO


Os ventos são pequenos - nem gemido
de velas nem cordame de folhas.
Sentada num café, conjuro-lhes os cantos, elevo
os olhos como mastro

ao sol. Mas os ventos são poucos
ou os olhos humildes não bastante.
Que o cobertor de espuma se levante:
mesmo de enganos seja só um canto.




Leça da Palmeira, Salão de Chá da Boa Nova



Ana Luísa Amaral