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segunda-feira, janeiro 21, 2008

Facilmente se constata, pela falta de comentários aos poemas postados, que o trabalho desenvolvido não é apreciado.

Pelo menos da maneira que sempre esperei que o fosse.

Para já, e até futura decisão definitiva, o blogue Traz Outro Amigo Também encontra-se suspenso.

Acredito, pelo que sinto actualmente, que o poema anterior terá sido o último a ser postado.

Não me sinto motivado a continuar...

conformismo



Joan Miro - Kopf















almas que se esvaziam
em correntes paralelas

cadências sem compasso
orquestra de solistas

destilo consciências
seduzo-me em insinuações

saboreio a doutrina
do conformismo


duarte costa
18 de dezembro de 2007

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Subscrevo-me, eu



Marc Chagall - I and the Village

Esgrimas as palavras esfomeadas de justiça,
esgotas esmolas, favores ..o mundo tudo te deve.
Esfregas na cara da multidão os teus feitos, des-
feitos em espirais, enterros e vendadais e vais
por esse mundo ofendendo valores ancestrais.
Atrais a ostentação, a soberba em cada mão e..
o mundo tudo te deve.
Ordenas a submissão, humildade à multidão, a
guerra à irmã do teu irmão e na tua ansiedade
de reconhecimento pisas um caminho sangrento ...
de sofrimento um cento!
Sinto-te o cheiro putrefacto pelo facto de jubilares
com a desgraça de outra raça, cujos ideais vão mais
longe que o teu presente tão ausente de gratidão ...
mas o mundo tudo te deve!
Olho para o espaço vazio, sem alma desde que a
chama foi apagada pela ignomínia da tua mão,
e rendo-me à evidência que ao mundo tudo deves, o que
te atreves, o impropério enlaçado num laço enrolado,
recuei no tempo e via a amiga perversa, o ladrão de
fantasias, uma vida submersa pela mão inconsciente de
uma mente doente .. e tudo deves ao mundo !
Subscreve o subscritor submerso no terror de sublimar
o arrogante!
A plateia que se levante, fechei o instante!


Maria Inez Lemos
In Tinta Fina

Céu Negro



Wassily Kandinsky - 1923 - In the Black Circle

Céu negro
poente
sem cor
de costas pr´o amor!

Sol-pôr
sem cor
sem amor
doente!


É estar
algures
sem ti!


Mário Silva

O que é certo é que gostei de ti



Alfred Gockel - Affection

O que é certo é que gostei de ti.
O resto não: se exististe,
e se assim foi, qual a cor dos olhos, ora verdes
ora cinzentos, deles levantou-se uma vez
um bando de andorinhas. Quais. As rápidas,
as que não andam, as que se amam no ar.
Como foi. Ficaste doente
ou coisa assim, levaram-te, muito se passou,
acho que ia ter outro filho e esqueci-me de ti
até ouvir-te, esta noite, a horas impossíveis,
vem comigo, é tempo. Larga tudo e sai,
espero por ti ao pé da cancela.
Mas cheguei lá e o trinco
estava solto, batia ao vento
contra o poste, fechei-o, voltei para trás,
a pensar em ti, que estiveste lá,
sabe-o Deus, que abriste a cancela,
que gostei de ti e também
que a porta não encaixava bem.


Eva Gerlach

terça-feira, janeiro 01, 2008

Caminho



Dennis Dunton - Bodega Road

Perto está
o caminho
que longe está.

a fonte canta
véus de luar
na liquidificada planície
do teu olhar.

Hoje
talvez a tua voz
dissipe a nuvem que cobriu
o brilho das estrelas
e os pássaros voltem a cantar
no ramo de pessegueiro
que o ano novo floriu.


Jorge Arrimar
In Secretos sinais

podias aparecer mais vezes



Andy Warhol - Birth of Venus

podias aparecer mais vezes percorrer a
pressa deste café (estranho arquipélago de
percursos) sua história somos quem a

escreve (alguém a quem se autoriza uma
cadeira vazia, o gesto de calçar o pé mais
curto da mesa,.o render de empregados
cedo recolhendo a despesa) este poema

tem vírgulas, o meu primeiro cigarro (doze
passas de ano novo) tínhamos ambos quinze
anos deves ir quase nos trinta (eu dentro dos
vinte e seis) penso não ter conseguido crescer

tanto como tu. vive-nos pouco um cigarro:
podias ficar esse tempo os homens como
as garrafas devem ser despidos por dentro


João Luis Barreto Guimarães