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quinta-feira, abril 24, 2008

Estavas sentado



Estavas sentado e havia uma paisagem agreste

nos teus olhos: as nuvens a prometerem chuva,

os espinheiros agitados com a erosão das dunas,

um mar picado, capaz de todos os naufrágios.


O teu silêncio fez estremecer subitamente a casa -

era a força do vento contra o corpo do navio; uma

miragem fatal da tempestade; e o medo da tragédia;

a ameaça surda de um trovão que resgatasse a ira

dos deuses com o mundo. Quando te levantaste,


disseste qualquer coisa muito breve que me feriu

de morte como a lâmina de um punhal acabado

de comprar. (Se trovejasse, podia ser um raio

a fracturar a falésia no espelho dos meus olhos.)


Hoje, porém, já não sei que palavras foram essas -

de um temporal assim recordam-se sobretudo os despojos

que as ondas espalham de madrugada pelas praias.




Maria do Rosário Pedreira




8 comentários:

Anónimo disse...

Que belo espaço, voltarei com mais tempo e calma. Bela poesia.

A SEIVA

Å®t Øf £övë disse...

Lena,
As palavras são como as setas, que depois de ditas não se consegue que voltem para trás.
Bjs.

São disse...

Gostei da música e do(s) poema(s).
Das ilustrações também.
Das letras, não.
Feliz final de semana.

João C. Santos disse...

a todas as palavras um sentido..

e a uma estrada um destino

a uma mão a outra

de ser

Abyssus Angel disse...

Sou nova aqui, mas gostei muito do seu trabalho.
abraço.

Angela

Anónimo disse...

Olá Lena,

Gostei muito do que já li e esta último poema é semantica e literariamente muito bonito.
Também adorei a sua visita.Marcaremos ponto de encontro nos nossos blogs.

Anónimo disse...

Ah, porque você parou de postar?

O seu blog é lindo, suave, rico em imagens e poesias. Um encanto só!

Por favor, volte!

Um grande abraço,

Ivy

Delfim Peixoto disse...

Parou a escrita???
Espero que não