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terça-feira, novembro 29, 2005

A praia
gelada e fria,
pelo povo esquecida,
pelo vento arrefecida,
incumbiu-se de eliminar
o som, o cheiro, o sabor,
o futuro ardor
de sentimento ... o olhar.

A negrura
de meu destino,
estranho fado vespertino
criado de torpe cantiga,
ecoava na aurora humana
história antiga,
apagada pela vida mundana,
nefasta amiga.

O tempo
que fecha canções,
abre os corações,
dentro de mim
cria raízes e procura,
numa descida sem fim
à morte obscura,
se esquecer
que o cruel mundo
é fomentado pelo profundo
medo ... de crescer.

Em mim,
navio brando,
desaparece a calma,
navego então pelo bravio,
mas agora sim a ver,
a encontrar em cada alma,
em cada defeito, cada desvio,
a semelhança do ser.

Em ti,
ser sublime,
descobri a perfeição,
do olhar humano ausente
incapaz de ver a conjugação
em matéria e essência presente;
quis assim viver o amor,
condensar o sentimento
num só momento,
naquilo a que chamam louvor.

A tua presença,
alimento de minha existência
é martírio do mesmo espírito, clemência!
Por muito que tente,
algo mais forte me impede
de te dizer o quanto te amo,
por muito que tente,
algo mais forte me impede
de parar o amor que aqui proclamo.

Peço, pois, o perdão,
aquele esquecimento que se pede
quando a ferida é muito grande
e de continuar aberta nada a impede;

Estive ali perto, aqui longe
e, neste momento, peço
perdão, pelas vezes que não te chamei,
perdão, pelas vezes que não te amei,
pelas vezes que embora
já longe da escuridão
voltei a procurar refúgio
na cegueira da mente,
escondendo meu coração
a teus olhos, tua face
de minha mão, de minha boca
teus lábios;

O meu corpo
pede a tua alma,
o meu ser
pede o teu corpo,
ansioso por cheirar
a verdura de teus olhos
e poder ver
a doçura de tua pele;

agora,
o sentimento condensado
irrompe em confusão
difusa ou mesmo prolixa,
espelha-se na luz da minha íris
procurando
repouso ... numa resposta tua.

Encontro dentro de ti
o belo da semelhança do ser.


Autor Desconhecido

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