segunda-feira, outubro 15, 2007
Como caem as árvores
eu caio e caindo caio como as folhas
e as sombras caem devagar e leves
e oiço-os chorar e falar comigo
e não posso responder enquanto caio porque se respondesse
que diria senão que me abato como se abateram
outrora o meu pai a minha mãe o meu marido
de repente calados e imóveis e assim brancos
como a luz nesta casa tão branca sobre os móveis brancos
os espelhos devolvem o silêncio e as lágrimas deles
e amanhã subirão comigo lá acima
e sem palavras para além das do padre
voltarão o meu rosto na direcção do sol.
António Lobo Antunes
Publicada por
Gil Von Doellinger
à(s)
09:55
Etiquetas: António Lobo Antunes
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário