Deixem aqui os vossos comentários

terça-feira, fevereiro 21, 2006

(.. .)
E o Porto de Herculano,
Como Lisboa é de Garrett.
Lisbôa em gêsso branco, o Porto em pedra escura,
Sobre os abruptos alcantís do Douro;
Esse rio que vem, de longe, solitario,
Cobrir-se de asas brancas de navios
E de negros canudos de vapores.
Encostados aos cais, depõem a férrea carga.
Outros, vão demandando a barra e o farolim,
Que dá uma luz, tão triste! em noites invernosas.

Distante, no poente, esfuma-se uma nodoa,
Em verdes tons fluidos que palpitam
Numa nevoa indecisa, vaga imagem
Da tristeza do mar pintada em nossos olhos.
Porto da minha infância!
A primeira impressão que me causaste
Tenho-a, cheia de espanto, na memória,
Cheia de bruma e de granito!
É uma impressão de inverno,
Sombra cinzenta, enorme, donde irrompe
Alto cipreste empedernido,
No meio de sepulcros habitados. (...)



Teixeira de Pascoais

1 comentário:

De Amor e de Terra disse...

Muito beloeste Poema.
Obrigada por no-lo relembar!


Maria mamede