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terça-feira, novembro 22, 2005

MADRUGADA FRIA


Veste em silêncio a madrugada fria.
Sai sem que te vejam, por pontes e jardins,
seguindo o trilho deixado pela água nocturna.

Não te deixes interrogar pelas margens.
Quando chegares às indecisões, escolhe o caminho
mais perigoso, o mais seguro.

Ouve-me: só poderás confiar na tua ignorância
Não hesites em visitar as sombras, as falésias perdidas
tudo o que o sol apagou dos mapas.

Vou esperar-te do outro lado do dia,
onde as coisas tornam a descer dos seus pedestais
e é possível olhar o vago lume da paisagem.

Veste em silêncio a madrugada fria.


Vasco Gato

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