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segunda-feira, outubro 24, 2005

[ Mulher ] 3

“Se já não como
há mais de quinze dias
o que é que eu estou,
para aqui, a regurgitar?”
Pergunto à minha sombra
cativa e empenhada
em furtar-se ao meu olhar
na promiscuidade
das penumbras do costume.

A minha exaustão exprime-se
num único suspiro
e traduz a incapacidade
que me assiste
em cingir ao peito e abraçar
as minhas mortas amadas,
as minhas irmãs
Florbela e Natália, juntas.

Já consegui entender
porque amo tanto a Mulher:
É nEla que vivem todas,
adoráveis e... adoradas.
Daí eu dar graças aos céus
por todos aqueles
que almejam reinventar-se
entre o ser de Afrodite
e o sentir de Narciso
... graças pelo que,
de mais adorável na Mulher,
ama, chora e reluz
a dentro da minha alma,
muito felizmente
hermafrodita.


Luís Melo

2 comentários:

Gil Von Doellinger disse...

Como não poderia deixar de ser
ou podia mas não deixa de ser
da mais elementar justiça reconhecer
a belíssima qualidade deste Blog
que se deve necessariamente
a um critério editorial que transparece
(no mínimo) bom gosto.
É a minha opinião – meu gosto
e é obviamente subjectivo, como tal,
só lanço o foguete da sorte que tenho
em poder deambular por aqui.

Um abraço de amigo.

Luís Melo

Unknown disse...

Luis,
aqui está o email do blog, Corpoestranho@gmail.com.
obrigado pelas visitas.