Veja-se a minha mão.
Diz aqui, algures:
“Made in Portugal.” Pois!
Algures e genericamente:
“Baixo teor de malícia”
Mais ainda:
“Isento de corantes e conservantes”
e de qualquer perversão avulsa
Algures, exactamente.
Ah! e “não lavar na máquina.”
Claro que sim!
Diz mesmo aqui na minha mão!
Garantiu-me a cigana.
Teve de ser num sábado,
que em qualquer outro dia
estaria ali um polícia
fardado de indiferença
e intransigência
relativa e respectivamente
à minha mão e à cigana.
Reparei que era estrábica.
Ter-lhe-ei dado cem escudos
e ela leu-me só uma linha
a mais legível e fidedigna
na etiqueta do meu viver.
Fiquei quase tão contente
como meia hora antes
ao passar por mim,
risonho e cachimbante
um poeta chamado
David Mourão Ferreira.
Foi no Jardim da Estrela
ao fim da tarde.
Teve de ser num sábado!
Luis Melo
quinta-feira, março 23, 2006
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3 comentários:
É, às vezes as Ciganas são mentirosas, quer esjam estrábicas ou não...está-lhes "na massa do sangue", como se diz na minha terra...
Artes de viver!
Achei muito engenhosa a sua maneira de escrever, de contar coisas.
Parabéns.
Umabraço
Maria mamede
"Artes de viver!"
...
e um arrepio para mim
pela delícia
(subjacente a um tal conceito)
e pelo temor
(no risco de se falhar
o alinhamento com essas artes)
...
são as que me parecem
valer mais
e para uns as mais fáceis e naturais
para outros (eu) as mais difíceis.
Mas...
eu - complicado - me confesso
ainda que não me sinta
especialmente inclinado a arrepender-me.
Posso não ser absolutamente feliz
mas também não serei
um pecador por aí além.
.
Enfim, obrigado Maria
(do fundo da alma)!
enquanto que
a um canto da mente me interrogo
se o teu isoterismo
terá alguma equivalência
ao meu exoterismo.
um [[[]]] para ti!
Luís Melo
poeta também és tu e sem etiquetas beijava a tua mão
ler-te é um privilégio
um abraço meu
mana
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