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segunda-feira, dezembro 12, 2005

UMA PALAVRA a F. Pessoa

[ Palavra ] 2


"As palavras são para mim
corpos tocáveis..."
e por aí a diante
como ditame emanado do Nando
( um entre mestres )
a quem, regularmente,
rogo por uma bênção,
razoavelmente PERSONA_lizada.
As bênçãos pedem-se
aos vivos e aos ultra vivos
e colhem-se com alguma fé,
nomeadamente, à flor da pele.
Tenham-se pois
palavras para corpos
bênçãos à flor da alma
e a questão a ser, por hipótese,
uma forma subtil
de colher-se a vida,
ou esse jeito tão especial,
no fundo, à superfície,
mas sobretudo,
na excelência provável
de se vestir o que se é.
Envergar trapos, sim!,
revestir de pele-poesia
esses corpos tocáveis.
Ainda mais, de novo:
em cingir malhas, costuras,
tecer frases, textos,
enfim, texturas.
Absoluto por ambíguo
a forjar-se a naturalidade
de cada vocábulo operar
no tecido da ideia
a forjar-se o subtil
de se vestirem os sentidos
pelo toque, até se possível,
o pleno da rede táctil
que sempre será o destino
da poesia.
Onde estamos ?
Para começar, estaremos,
quem sabe(?), entre
os que dificilmente se furtam
ao sorriso num tempo certo
como pelo intuir
de uma porta secreta
no eco de uma verdadeira voz:
"As palavras são...
corpos tocáveis..."
Pois ... e ao ter-se a porta
porque não exercer
o arrojadíssimo direito de
- destrancar -
e, porque não(?),
dar aquele passo em frente,
que é dar sem perda
é estender braços como ventos
bandeiras como vagas
ou só como asas de gente
em gestos de Pessoa
na ideia utópica
de, por fim, acreditar.

_______________________ Luis Melo

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