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sexta-feira, dezembro 30, 2005

Sem antes nem depois

Quando a chama retoma o lugar das cinzas
na lareira adormecida,
quando os pássaros voltam aos ninhos
deixados à mercê do tempo,
quando a terra num pousio pasmo
acorda remexida, já fecundada,
quando os filhos crescem
e o espaço em nós leveda,
e engrandece, de tanto amor,
os livros empoeiram-se
as páginas amarelecem
o poema fica sufocado no meio da palavra.
Os amigos, quero-os á minha volta
Na mesa farta de versos que se soltam
Nos sabores que todos trazem
Nas gargalhadas que todos provocam
Nos crepes e biscoitos a escorrerem paladares.
Nas festas e nos encontros.
Nos momentos sem antes nem depois.
Quando a chama retoma o lugar das cinzas
naquela fornalha de agora
o gato ajeita-se no cesto da lenha
com um preguiçar inigualável a nenhum mortal.
A casa veste-se de feitos e factos.
Ao paladares fazem-se de poemas
E os momentos reproduzem-se.


Adelaide Graça
In – NO VÃO DA AUSÊNCIA

1 comentário:

Afrodite disse...

Os meus desejos (e conselhos) para 2006 estão na minha casota.
Vais buscá-los? São para ti.

§(~_~)§ beijo da Afrodite