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segunda-feira, dezembro 19, 2005

ABSURDIA

[ 2 ]

Num mural leio escritas
a tinta espessa,
aparentemente absurda
e, enfim, de veludo,
leio, sim,
como que sânscritas
palavras diligentes
a informar que:

"Os homens são sombras,
fúteis e abundantes,
da mulher que dança
ao som da luz do sol."

Leio mais:
"Qualquer sombra
bebe do chão o aparente
da cor que emerge
até do mais absurdo
dos veludos".
Leio, como já disse
o inverosímil sânscrito
no absurdo da tinta,
no moral circunstante
ao meu olhar.

É então que pergunto:
"Meu Deus, onde estou?"
e a única resposta
é um qualquer colapso
no termo de uma cassete
dentro da máquina;
essa mesmíssima
a que chamam de Vídeo.
Impõem-se, explicativa,
uma porção da realidade;
tosca a porção
abrupta a realidade
e em suma
o que de mais singelo
se faz subtraível
como fita escura e trilhada
nas entranhas de um engenho.

Imagens, sons,
verdades diversas
e mastigadas por desventura;
desvirtuadas,
como veludo absurdo
aparentemente como tinta
e palavras num mural.

"Os homens são sombras..."
e eu tenho medo
de confundir o fim
com outra anomalia
engenhosa.
Tenho medo
de não entender
e de ninguém avisar
quando tudo, de facto,
acabar.

__________________LuMe
Luis Melo

2 comentários:

Luis Melo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Luis Melo disse...

Perplexidade:
Embora só me assuma como maluko nas entrelinhas dos meus laivos de lucidez não me pareceu absurdo que se fizesse a leitura disso; o que me deixa, de facto, perplexo é dirigir-se o comentário ao Quem_sou_eu. Fui espreitar o remetente do dito: autenticava-se
por lá um título de que se preteriu o til para - mae – mas assim como assim eu aponho-lhe - coragem ... tudo a ver!
Luis Melo