Um trabalho sonâmbulo corrói a vegetação. O vento
assombra o mutismo das suas folhas. Incham com a chuva,
grávidas de uma febre cinzenta. Arranco-lhes esse fruto
com mãos de crepúsculo.
Ponho-o na mesa onde me sentei contigo. Colho
o teu olhar triste; espalho-o no prato onde a vida
arrefece. Comemos devagar cada sílaba do amor que
nenhum de nós prenuncia.
E um coral de silêncio brota dos teus
dedos, enquanto te afastas.
Nuno Júdice
In Poesia Reunida 1967-2000
quarta-feira, novembro 16, 2005
UM POEMA DE AMOR, AINDA...
Publicada por Gil Von Doellinger à(s) 15:23
Etiquetas: Nuno Júdice
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário