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terça-feira, maio 23, 2006

a casa...



a casa, parece vazia
escuto o som do vento

estavas lá
vazio como a casa,

senti tua sombra
a, sombra que sobrevoava
entre labirintos da minha alma

bastam tuas mãos
cobertas de vida, para encher a casa

procuro veloz com o olhar
o brilho dos sentidos,

o encher os braços
de sonos adiados,
exaustos, atados à imensidão da noite

misteriosa linguagem
entre um pedaço de mim
e os risos forçados, sem tempo

perco-me entre a casa
e o destino

caminho, caminho sem máscara
recomeço onde a realidade parou,
sem tempo, longe da memória

sinto-te em casa de novo
cobre-te o sorriso no rosto

l.maltez


sexta-feira, maio 12, 2006

ENCONTRAR-TE

Assim, de um jeito inopinado
ficou-me a sina de te encontrar
num circulo estranho,
de encaixar-me na tua rotação
e saber que transmigras,
ao descobrir-te em mim
como que numa clonagem,
a um tempo,
de felicidade e de mágoa.
Por fatalidade acessória
este esvoaçar em farrapos,
em longos filamentos de sisal
ou de uma fibra qualquer
mas que não iniba
o meu cair em tentação
de roubar alarvemente
uma bruma para consumo próprio
bem ao fim do dia.
Nada de tão grave
como o saber-te de cor
em cada espiral,
e percorrer uma a uma
até à remota essência do teu ser,
intensamente desejado.

E se por cada instinto
eu me deixo possuir
como flor que desabrocha
ao centro de uma galáxia,
e te afago com a suavidade
de uma asa de borboleta,
e te sinto minha quimera,
deslumbrada e deslumbrante,
suspensa de coisa nenhuma
por um instante... Sim!,
ao me eternizar em ti
será numa vibração,
num espasmo;
marcar-te-ei numa ruga,
serei o fluir numa veia,
o efeito ou a causa
a função vital
que te incendeia,
e o sentir plangente
de carícia ou de açoite.

No teu sonho espero ser,
por fim, a malícia
e a volúpia da noite.


__________________Luis Melo