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domingo, fevereiro 26, 2006

Saudade

Acende-se no peito um fogo imenso
Flutua ao desvario, o meu desejo
(Qual chama viva de um ardor intenso
Buscando em tua boca um doce beijo)

Um carinho... uma ternura... o ensejo
De te sentir... de te poder amar!
Porque as horas porque passo e te não vejo
São as mais longas e difíceis de passar...

Mas a alegria de ver-te... num momento...
Apagará todo este sofrimento,
Toda esta sede... (o coração mo diz)

E antes que em teus braços venha o sono,
Meu corpo será teu... em abandono...
E tu em mim... te sentirás feliz!


Maria Manuela Mendonça
In- Poesia no ar

terça-feira, fevereiro 21, 2006

(.. .)
E o Porto de Herculano,
Como Lisboa é de Garrett.
Lisbôa em gêsso branco, o Porto em pedra escura,
Sobre os abruptos alcantís do Douro;
Esse rio que vem, de longe, solitario,
Cobrir-se de asas brancas de navios
E de negros canudos de vapores.
Encostados aos cais, depõem a férrea carga.
Outros, vão demandando a barra e o farolim,
Que dá uma luz, tão triste! em noites invernosas.

Distante, no poente, esfuma-se uma nodoa,
Em verdes tons fluidos que palpitam
Numa nevoa indecisa, vaga imagem
Da tristeza do mar pintada em nossos olhos.
Porto da minha infância!
A primeira impressão que me causaste
Tenho-a, cheia de espanto, na memória,
Cheia de bruma e de granito!
É uma impressão de inverno,
Sombra cinzenta, enorme, donde irrompe
Alto cipreste empedernido,
No meio de sepulcros habitados. (...)



Teixeira de Pascoais